18 de julho de 2005

Elefante em loja de porcelana.

Já o revelara por aqui: Aprecio os textos do José Pacheco e não deixo escapar a sua escrita no Educare e na Página.
Neste
último texto, provavelmente motivado pelo ambiente agitado que se vive na escola, JP apela à resiliência dos professores, essencialmente daqueles que ainda não desistiram de o ser. Varela de Freitas tem, pelo seu lado, extravasado optimismo sempre que lança um olhar para a escola a partir do Memória Flutuante. Não será exagero dizer que das Ciências da Educação sopram ventos de entusiasmo que procuram atenuar os efeitos do esmorecimento nos professores e impedir que se agrave ainda mais a qualidade dos serviços educativos.
Num outro quadrante encontramos a escrita de alguns cronistas do regime com grande influência no auditório público que sublinha o quadro negro da situação educativa [e não só] portuguesa e que faz parecer tardio o pacote de medidas coercivas do governo sobre as escolas.
O Ministério da Educação na actual conjuntura tem agido como um elefante em loja de porcelana. Encontrando na opinião pública um clima favorável para a implementação de medidas mais arrojadas, sob as bandeiras do controlo da despesa e da equidade, o Ministério da Educação deixou de ser um parceiro para os professores exigentes com a sua profissão. Colocou-se numa posição de adversário. E deixou de ser um parceiro não porque lhes tivesse cortado regalias imerecidas mas porque as medidas anunciadas atingiram em primeiro lugar os professores mais cumpridores. No fundo, os que gostam de o ser. As medidas a que me refiro concretamente têm a ver com a diminuição do tempo de preparação [há quem lhe chame componente não lectiva] e a consequente intensificação do trabalho docente.

Adenda: Aguardemos que o elefante abandone a loja para que se avaliem os danos.

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