15 de fevereiro de 2005

Catarse.

- "Desculpa lá este meu desabafo. Não é fácil falar destas coisas na sala de professores."

Foi desta forma que terminou a conversa com uma colega durante uma pausa lectiva. Não sendo nova [inexperiente] na escola, a professora já viveu o suficiente para reconhecer os palcos e os intervenientes das lutas pelo poder, para sentir os problemas “reais” que nem sempre são declarados nos projectos educativos, para se aperceber dos efeitos do isolamento que tomou de assalto a sala de professores.
A conversa entrou pelas salas de aula, percorreu o espaço e o tempo escolar à procura dos constrangimentos e possibilidades de actuação, ultrapassou os muros da escola e parou na singularidade dos contextos familiares, prosseguiu o seu caminho até ao covil do sistema educativo [Ministério da Educação] regressando à escola [a cisão da escola ao Ministério da Educação serve para reforçar a lógica centralista do sistema] para enquadrar os actores principais do acto educativo. A conversa foi fluindo à procura de respostas para os problemas do quotidiano. Eis que encalhamos no problema da[s] liderança[s].

Será assim tão difícil criar comunidades de colegas que actuem em colaboração[como sugere Hargreaves], estabelecendo os seus próprios limites de exigência profissional e permanecendo ao mesmo tempo empenhadas num aperfeiçoamento contínuo?

Qual o papel do líder, do presidente do conselho executivo ou da equipa executiva na catarse dos afectos? Isto é, qual é o papel que podem desempenhar os líderes na aproximação da vida profissional e pessoal dos professores, de modo a apoiar o seu crescimento e permitir que os seus problemas sejam discutidos, sem receio de reprovação ou de punição?

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