1 de outubro de 2004

Quebrou o verniz.

Ontem, assisti a um momento hilariante numa palestra dedicada ao fenómeno desportivo. Dois dos convidados, defendendo abordagens diferentes de uma dada realidade, deixaram-se envolver numa discussão estéril, frequente nos debates partidários televisionados, desencadeando uma onda de reacções na plateia, como se de uma conversa de café se tratasse. Ausência de civilidade, autismo intelectual, arrogância científica, foram os atributos da cena que noutro contexto poderia ser legitimada.
Um exemplo. Sabemos que o confronto de ideias, de interesses, de objectivos pessoais, pode ser suscitado em qualquer jogo ou competição desportiva onde os praticantes apreendem a viver nas franjas da emoção, nos excessos que advêm dessa prática. O radicalismo do jogo acaba por fazer manifestar traços da personalidade dos praticantes que só se expressam nas situações limite. Basta observarmos os confrontos de amigos nos encontros de fim-de-semana, nos campos de ténis, pavilhões gimnodesportivos, campos de futebol, etc., para nos certificarmos que é possível renegar a inteligência. Porém, esta revelação só está ao alcance desses grupos restritos. Aí também se quebra o verniz.

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